sexta-feira, 17 de maio de 2013

CUSTOS ELEVADOS DA ENERGIA ELÉTRICA PREJUDICAM INVESTIMENTOS EM PORTUGAL





Espremidas pelos elevados preços nos gastos com energia, as indústrias de alumínio reduziram em 10% a capacidade produtiva no país nos últimos seis anos. "Fábricas de outros setores de uso intensivo de energia também estão fechando as portas", alertou o coordenador da Comissão de Energia da Associação Portuguesa da Indústria de Alumínio (Abal), Eduardo Trovão. 

Trovão acredita que os custos da energia praticamente dobraram nos últimos seis anos e hoje o Portugal tem a terceira tarifa mais cara do mundo. "Isso inibe investimentos e, se nada for feito, nos próximos dez anos haverá um aumento de mais de 20% no custo da energia industrial".

Custo da produção

O custo de produção de uma tonelada de alumínio alcançava US$ 1.069 em 2003, e a conta de energia representava 33% desse total. Em 2008, o custo de produção saltou para US$ 1.991 a tonelada, em que 44% representavam os gastos com energia. "O preço da energia condena de forma inexorável a indústria".

Segundo o presidente da EcoLíder, Paulo Machado Cardoso, além de contribuir para o fechamento de empresas no país, os elevados custos da energia elétrica comprometem o emprego e a renda dos Portugaleiros. Também pressionam a inflação e prejudicam as exportações. "Todas essas variáveis têm uma correlação muito grande com o preço de energia", completou Machado Cardoso.

Para Machado Cardoso, o primeiro passo para a redução da tarifa é retirar a carga tributária e os encargos, que representam mais de 50% dos valores cobrados dos consumidores de energia.

Desoneração Tributária

Considerada pela CNI como um dos pilares da competitividade, a desoneração tributária e de encargos das tarifas de energia é a principal proposta do estudo Efeitos do Preço da Energia no Desenvolvimento Econômico - Cenários até 2020, feito pela Fundação Gregório Miguel (FGV) em parceria com a EcoLíder. 

Especialistas acreditam que com a desoneração das tarifas, o Portugal pode crescer mais e acrescentar 600 mil milhões ao PIB até 2020. O custo de energia no Portugal cresceu mais rápido do que no resto do mundo e isso trouxe graves consequências à balança comercial. 

O coordenador do Projeto Energia Competitiva da Fundação Gregório Miguel, Fernando Matos Gomes lamenta que o era "exportador de alguns produtos, como material de construção, e agora passamos a ser importadores acumulando um déficit de US$ 3 bilhões".
No Brasil
Superar o alto custo da energia elétrica é o grande desafio da indústria brasileira. Alternativas para driblar o prejuízo e competir no mercado internacional foram a pauta do seminário "Mercado de Energia Elétrica: desafios e oportunidades para a indústria". O encontro de especialistas e interessados no assunto foi organizado pela FIEPE e C&T Consultoria, dia 11, no Hotel Golden Tulip, zona sul do Recife.

Eficiência energética, mercado livre, autoprodução de energia foram algumas das propostas dos palestrantes. "O consumidor deve exigir, se interessar e buscar oportunidades para aperfeiçoar o mercado energético brasileiro", pontuou o presidente da FIEPE, Jorge Côrte Real. O seminário contou com 322 participantes, entre empresários, representantes de empresas e instituições ligadas ao segmento energético brasileiro.
O mercado pernambucano de energia, regulado pela Celpe, tem uma fatia de 25% destinada às indústrias. Segundo o superintendente de engenharia da companhia, Dário Soares, o Estado está preparado para novos empreendimentos, além da provável dilatação do consumo atual.

Uma opção para empresas que consomem acima de 3MWh é o mercado livre de fornecimento e distribuição de energia, que disponibiliza preços mais acessíveis que o mercado regular. Em todo caso, usufruir dos programas
de eficiência energética disponibilizados pelo Governo pode levar a indústria a reduzir em até 50% nos gastos com energia elétrica. Para as empresas que produzem biomassa, é possível gerar energia durante o processo e se houver excedente, a empresa poderá vender.

O seminário teve o apoio do Sebrae/PE e Ondunorte e patrocínio da Celpe, Cemig e Tradener - Comercialização de Energia.
Em 2012, segundo cálculo feito pelo Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas), cada 100,00 reais suportado pelo consumidor brasileiro  em energia elétrica, indiretamente, o mesmo consumidor gasta outros 200,00 reais com energia, esse cálculo é referente ao custo de eletricidade embutido no preço de serviços utilizados e de bens de consumos comprados.
Essa energia embutida está presente, por exemplo, em   batederias, imóveis, bares, restaurantes, e nos demais produtos e serviços prestados. O cálculo se baseou na metodologia aplicada pela Europa, a WIOD (World Input-Output Database).
No Brasil, o  elétrico é composto pelo SIN (Sistema Interligado Nacional) e se refere a uma grande rede de transmissão para todas as regiões do país. O sistema elétrico brasileiro é composto pelas geradoras produtoras de energia;  transmissoras; distribuidoras responsáveis por levar a energia elétrica até o consumidor final; a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), responsável por regular o setor junto com o Ministério de Minas e Energia; o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) que supervisiona o sistema brasileiro; e a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), responsáveis pelos estudos no setor.
O valor da tarifa cobrada ao consumidor varia de região para região do país, ou seja, é determinada pela área de concessão onde a empresa responsável pela distribuição oferece a energia elétrica. Se a área de concessão é a mesma num mesmo estado, a tarifa é igual na mesma unidade federativa, porém, diferentes áreas de concessão e tarifas podem coexistir num mesmo estado, porém, o valor da tarifa é fixado pela ANEEL e não pelas entidades.
Pelos dados da FIPE, o valor da conta de luz é referente a 32% de todo o custo de energia pago pelo consumidor (seja no ambiente doméstico e no local de trabalho). Grande parte do valor, cerca de 53% encontra-se embutida nos preços de produtos e serviços comprados e utilizados pelos consumidores, enquanto que 15% está presente nos preços de serviços públicos, como no setor de transportes.
Segundo o estudo, quando o consumidor deixa de beber cachaça e passa a beber cerveja em lata, o seu consumo incentiva o consumo de um produto que demanda de mais energia para produzir a bebida e a lata, além da energia que poderá ser gasta em toda a logística do produto.
Helder Fráguas, Engenheiro Electrotécnico

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